Resenha: Déjà vu - Suelen Winnik

 


Sinopse - Déjà vu é um romance contado pelo ponto de vista de Amy, uma jornalista e escritora bem sucedida, extremamente lógica e racional, que analisa meticulosamente cada situação antes de tomar uma decisão. Ao ser contratada para um projeto inovador, Amy se dá conta que desde os seus 12 anos, sua vida se desenrola e se interliga à acontecimentos que tem como protagonista seu melhor amigo Matthew. Ainda que esteja vivendo um relacionamento descomplicado com James, os constantes encontros e desencontros com Matthew fazem com que Amy passe a refletir sobre toda a trajetória que viveu com o amigo e passe a considerar a ideia de finalmente avançar a linha tênue que separa amizade e amor.

“Déjà vu” é um drama romântico narrado em primeira pessoa pela protagonista, a Amy. Amy é uma jovem com uma personalidade mais reservada, pensativa e que dificilmente demonstra seus sentimentos.
“A imensidão se torna o todo e eu tenho medo de me perder no todo. ”
De acordo com a sinopse, a trama se desenrola ao redor da história de Amy, em especial com seu melhor amigo Matt, por quem nutre sentimentos que se recusa a nomear.
“Mas e no caso da amizade, da família que escolhemos, o que acontece quando damos cor ao que, à princípio, deve ser em preto e branco? ”
O leitor é transportado ao passado, acompanhando a trajetória da protagonista desde o primeiro momento em que viu Matt no ônibus escolar. Conforme os anos vão passando, Matt vai se tornando popular com o sexo oposto, o que causa um certo desequilíbrio na dinâmica dos dois. Essa fase da adolescência, onde os sentimentos estão mais aflorados e tudo parece ser mais urgente e importante, leva Amy a começar a debater internamente seus sentimentos.

É interessante ressaltar que Amy tem uma vida bem tranquila. Ela tem uma família grande, que se reúne todos os domingos, pais que a apoiam incondicionalmente e uma avó que está sempre por perto para aconselhar e abraçar. Para muitos, pode parecer que a protagonista é “chata” no primeiro instante, mas assim como qualquer pessoa que está começando a expor sua personalidade e se encontrar como indivíduo, Amy tem dúvidas e no caso dela, opta pelo seguro.

Os anos passam e a amizade entre Amy e Matt tem altos e baixos, momentos de hiato e reencontros estranhos. Porém, o mundo não para e eles vão vivendo suas vidas, tendo seus relacionamentos e experiências.

Amy acaba encontrando o seu nicho na profissão de jornalista e tem uma coluna onde fala sobre mulheres que se destacam em suas áreas. E é por conta do seu trabalho que Amy, já uma mulher adulta, com um relacionamento estável (pelo menos o mais estável dentro da história dela) reencontra com Matt.
“Para viver e ter suas próprias histórias para contar, é preciso estar disposto a cometer erros. ”
Agora, ambos adultos precisam ver se é possível retomar a amizade ou quem sabe, algo a mais. Matt é um jovem de personalidade brilhante, que pelo que observamos conquista a todos ao seu redor. Porém, como nós temos a perspectiva da Amy, será que essa visão não está um pouco incorreta? Durante a leitura, é muito importante analisar os diálogos de Matt e suas ações, não apenas a narrativa, pois vemos traços de insegurança e imaturidade em Matt, assim como em Amy.
“Depois de todos esses anos de altos e baixos, de conversas intensas e silêncios barulhentos, entendi que o que temos não funciona sob nenhuma lei ou métrica de espaço e tempo.”
O mesmo acontece com James, o namorado de Amy. A forma como ela o descreve muitas vezes é sem inspiração, quase como uma “obrigação”. Mas será que seus sentimentos não interferem nessa descrição?
“Ficamos assim, presos em um looping de substituições de sentimentos, cores e formas, de deja vus que nunca foram realmente sentidos. ”
Suelen Winnik criou personagens inspirados em situações reais que ela observou e trouxe para os leitores personagens falhos, imperfeitos e que permitem que o leitor se sinta conectado com eles. Não se trata do romance em si, mas sim do amadurecimento desses personagens ao longo dos anos, da forma como eles encaram os desafios e principalmente a maneira como essa amizade influencia a vida de cada um deles.

É muito difícil não se identificar com algumas situações, sejam elas passadas por nós mesmos ou por alguém próximo. Os desentendimentos, problemas de comunicação e em alguns momentos, a falta de coragem para dar um salto de fé é algo com que todos os leitores podem se relacionar de uma forma ou de outra.
“Os relacionamentos que eu observo não são coloridos de forma harmônica, capazes de despertar a sensação de algo mágico, saído das páginas de um conto de fadas. E eles também não tem suas formas definidas, delimitadas e identificáveis como uma imagem em preto e branco. São relacionamentos em que existe a possibilidade de profundidade, porém dentro de um jogo de sombras e luz. ”


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